HISTÓRIA

Da taberna da “Tia Adelina” passando pela estação ferroviária e a antiga adega a Avelino Simões, foram estes os locais onde a população de Pero Negro se juntava para socializar…

ORIGEM, HISTÓRIA E
RETRATOS DE PERO NEGRO

Como Surgiu Pero Negro

Com existência conhecida, pelo menos, desde o século XIV de acordo com o livro Torres Vedras: a vila e o termo nos finais da Idade Média, de Ana Maria Rodrigues. Até então tinha em 1309 oito fogos (cerca de 40 habitantes).
Em 1810 é editado um pequeno livro de Francisco da Silva Cardoso Leitão, intitulado Monographia do Lugar de Peronegro, caracterizando resumidamente o ponto de vista social, económico, histórico e geográfico de Pero Negro.

Em Meados do Século XVIII - Primeiros Habitantes e Vendas

A área de Pero Negro atingia as “100 geiras” (cerca de 20 hectares).
Ainda segundo a descrição de Francisco Leitão, Pero Negro tinha à época “33 visinhos”, a maior parte deles dedicados à agricultura. Segundo o autor, em meados do séc. XVIII, Pero Negro tinha “tudo o necessário à vida Christã, Civil e Económica”. Nessa época já tinha o “Mestre das primeiras letras e Capelão de Domingos e dias Santos, Sacerdotes confessores”.
O autor relata a existência de vendedores ambulantes, como “cerieiro e mercador de saragoças e pannos de Linho”, e possuía mercearia e cirurgião. Já exista no lugar, a capela de Nossa Senhora do Desterro.

Chegada do Caminho-de-Ferro até ao Fluxo Económico

Em 1887 é inaugurada a Linha do Oeste. A chegada do caminho-de-ferro à região representou um impulso no desenvolvimento de Pero Negro, sendo a única estação no concelho.
A construção de uma estação de caminho-de-ferro significava que essa localidade já tinha alguma importância, pela quantidade de passageiros e mercadorias que movimentava, e assim estimulou o crescimento da aldeia: surgiram armazéns, cresceu a atividade económica e aumentou o fluxo de pessoas no local. A estação passou a ser ponto de encontro dos habitantes com os ferroviários que ali trabalhavam: foi esse contexto que acabou por dar origem à fundação do clube, em 1929.

Recuperação, Angariação de Fundos até à Instalação da Electricidade

Anos mais tarde a população uniu-se à volta da recuperação da capela que, no início do século XX, estava em mau estado de conservação. A festa anual em honra de Nossa Senhora do Desterro servia de angariação de fundos para esse objetivo. A inauguração teve lugar a 5 de novembro de 1950, depois de concluídas as obras de recuperação com dinheiro angariado nas festas.
Fizeram-se obras de melhoramentos na Escola Primária que decorreram até 1952, altura em que reabriu após inauguração.
Em 6 de junho de 1965 registam-se outros dois importantes marcos: a inauguração da luz elétrica e a inauguração da nova escola primária, do plano de construções do “centenário”, do Estado Novo.

A Nova Era a partir do 25 de Abril

Em Pero Negro, a partir do 25 de Abril de 1974, essa nova era foi vivida com grande entusiasmo. Para além de novas atividades no clube, em particular as modalidades desportivas e outras iniciativas destinadas à juventude, também na aldeia se assistiu a melhoramentos.
Paralelamente às obras de alcatroamento das ruas, foi criada uma comissão de moradores que, com a ajuda das autarquias e a restante população, realizou diversas obras no espaço público, como as casas-de-banho ou o parque infantil. O ano de 1976, para além de outros marcos, assinala a inauguração do parque desportivo do clube.

Melhorias e Crescimento Demográfico

Nos anos de 1990 continuam os melhoramentos, entre os quais se destaca a construção do coreto no Largo dos Freixos. A vida quotidiana vai mudando e a Linha do Oeste perde importância, mas eis que surge outra via de comunicação: a autoestrada A8, que liga Pero Negro a Lisboa e a Leiria. Em 1991 a nova via chega à Malveira e em 1996 é concluído o troço até Torres Vedras, incluindo o nó da Enxara dos Cavaleiros, a escassas centenas de metros de Pero Negro.
Neste período há um crescimento da construção civil e o número de habitantes que fixam residência na localidade volta a subir, pela proximidade e facilidade de acesso à capital.

  • Pero Negro
    Aldeia Panorâmica
  • Pero Negro
    Centro de Pero Negro
  • Festa CDR Pero Negro
    Procissão
  • Festa CDR Pero Negro
    Primeira Memória do Clube
  • Edifício CDR Pero Negro
    Construção do Campo de Futebol
  • Futebol CDR Pero Negro
    Inauguração do Campo

FUNDAÇÃO DO CLUBE

Da Antiga Taberna à Fundação do Clube

Em 1929, ano apontado como o da sua fundação, existia em Pero Negro a taberna da “tia” Adelina. No entanto, o estabelecimento fechava muito cedo e alguns jovens frequentavam a estação do caminho-de-ferro que estava aberta até mais tarde, onde conviviam com os funcionários da mesma.

Torneios, Jogos e a Primeira Sede

Entre esses ferroviários estavam Carlos Guerra, que tinha jogado futebol no Sport Lisboa e Benfica; e António Rodrigues, antigo guarda-redes da Seleção Nacional Militar. Devido a essas características, realizaram-se alguns torneios com outras localidades e jogos entre solteiros e casados.
A certa altura o grupo pensou em arranjar uma sede e surgiu a ideia de arrendar uma antiga adega a Avelino Simões, agricultor local e pai de um dos jovens que frequentava a estação.

Os Primeiros Bailes, Jogos de Convívio e Teatros

O espaço foi arranjado e serviu para os primeiros tempos. Foram organizados bailes ao som de um harmónio, normalmente ao domingo. Posteriormente foi adquirido em segunda mão um gramofone antigo e discos. À noite, nos dias de semana, ouvia-se música, alguns sócios conversavam e outros jogavam às cartas, às damas ou ao dominó.
Já na década de 1950 o clube criou outras atividades, nomeadamente o teatro e a música. Foi construído um palco na sede e começaram por ser exibidas récitas e foi criado um grupo cénico, que durou até à década de 1960.

A Legalização do Clube

Em 1954 foi necessário legalizar o clube. Os estatutos foram aprovados a 14 de julho de 1954 por alvará do Governo Civil de Lisboa e publicados no Diário do Governo a 14 de outubro do mesmo ano. Nessa altura o clube inscreveu-se na Federação das Sociedades de Recreio e ainda hoje é sócio da Confederação das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto e sócio fundador das Federação das Coletividades do Distrito de Lisboa.

A REMODELAÇÃO DO EDIFÍCIO-SEDE DO CLUBE

Obras Essenciais para a Realização de Eventos

Com a chegada da água canalizada a Pero Negro em 1955 e a luz elétrica em 1965, o edifício-sede do clube foi sendo remodelado, principalmente a construção de casas-de-banho – obra essencial para a realização de eventos recreativos – e a colocação de um piso em tacos de madeira. O clube organizava vários bailes ao longo do ano, destacando-se os Leilões, o Carnaval e o Natal.

Das Sessões de Cinema Itinerante à Angariação de Fundos

De salientar uma das atividades que atravessou décadas, desde o período antes da Revolução de 1974 até aos anos 1980: as sessões de cinema itinerante. Semanalmente ou de 15 em 15 dias, ao fim-de-semana, o salão do clube enchia para assistir a filmes dos mais variados géneros.
Com o 25 de Abril de 1974 o clube sofreu um grande impulso. O edifício-sede foi comprado em 1978 com a angariação de uma comissão de sócios de propósito para o efeito. Mais tarde foi comprado o terreno anexo onde se edificou um ginásio e as instalações acabaram por crescer para a dimensão que têm atualmente, com a compra da vivenda anexa, já na década de 1990, e a substituição da antiga sede pela que existe hoje no mesmo local.

Construção do Campo de Futebol e Início das Atividade de Atletismo e Ginástica

Entre 1975 e 1976 as atividades cresceram, assim como o seu património. Por iniciativa de Belarmino Jaime Gonçalves e Vítor Pedroso procedeu-se ao início do projeto de construção de um campo de futebol, em terrenos doados por João Gregório Lourenço e António Ferreira Simões. A construção do parque desportivo contou com muitos apoios e mão-de-obra da população. O campo de futebol mais o edifício de apoio foram inaugurados em junho de 1976 durante um jogo entre a equipa do CDR Pero Negro e os veteranos do Sporting Clube de Portugal.
Nesse período começaram as atividades das secções de atletismo e ginástica. A equipa de atletismo, de vários escalões, era treinada por José Matias Pardal e durante mais de uma década participou em centenas de provas na região.

INÍCIO DAS ATIVIDADES DESPORTIVAS, INICIATIVAS
E ACONTECIMENTOS MARCANTES

Ginástica

A atividade iniciou com as aulas prestadas por Napoleão Palma que passou por algum tempo de atividade reduzida, até que recomeçou em força graças à professora Conceição Cunha, que veio residir para Pero Negro.
Após a saída da mesma por motivos profissionais, foi contratado o professor António Monteiro que, desde há mais de 30 anos, continua a orientar as classes de ginástica.

Outras Modalidades

O basquetebol, o futebol feminino e o futsal foram outras modalidades desportivas que o clube teve, mas sem grande expressão, tal como o karaté que apareceu mais tarde. O cicloturismo, por outro lado, embora também não tivesse durado muito tempo, foi uma atividade que movimentou muitos praticantes ao longo da década de 1980. Esta modalidade teve início em 28 de agosto de 1988 e teve como impulsionadores os sócios Vítor Matos, João Piedade dos Santos, José Matias Pardal e Belarmino Jaime Gonçalves, entre outros.
Realizaram-se diversos passeios, destacando-se o itinerário Caldas da Rainha – Badajoz.

Biblioteca, Cortejos Etnográficos e Outros Acontecimentos

Existiu, ainda, outra iniciativa dos jovens da terra. Chegou a passar por Pero Negro uma carrinha da biblioteca itinerante da Gulbenkian, mas esse serviço terminou. Desde aí o clube conseguiu angariar vários livros e abriu uma pequena biblioteca, que em 1984 estava aberta ao fim-de-semana e tinha alguma frequência. Marcantes foram também as participações do CDR Pero Negro nos cortejos etnográficos da Festa e Feira de Verão do Sobral, com carros alegóricos, um dos quais com a reprodução fiel, à escala, da estação do caminho-de-ferro.
Em 1991 o clube foi reconhecido como Instituição de Utilidade Pública, por despacho do Conselho de Ministros de 7 de setembro e publicação no Diário da República em 17 de setembro do mesmo ano.

NOVAS INSTALAÇÕES, MUSEU ETNOGRÁFICO
E DIVERSAS INICIATIVAS

Obras Essenciais para a Realização de Eventos

Após a inauguração do parque desportivo o clube decidiu formar uma equipa de futebol, que durante vários anos competiu até meados da década de 1980. Em 1992 passou a ter equipas de juvenis ou juniores a competir de forma federada nos campeonatos distritais até 2002. Após importantes melhorias, foi criada uma equipa de veteranos que ainda se mantém em atividade.
Em 1992 foi adquirido um edifício antigo, no Largo dos Mestres, o qual foi reconstruído e instalou-se no primeiro andar um museu etnográfico, inaugurado em 1993, reservando o piso térreo para arrecadação dos materiais da festa.
As novas instalações dotaram o clube de melhores condições para as suas atividades: um pavilhão gimnodesportivo, bancadas, quatro balneários na cave, bar, cozinha, casas-de-banho e salas da direção.
No entanto, a obra foi terminada sob a direção de uma comissão administrativa diferente.
Finalmente o clube elegeu novos órgãos sociais e a nova sede passou a acolher diversas iniciativas, como os almoços e os convívios entre associados e não só.

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